Sim, eu ouvi essa. E, sinceramente, não sei como ainda insisti em falar. Às vezes, a gente fica cega, né? Eu cobrava ser ouvida, não estava acostumada com a falta de atenção. E, mais uma vez, fui me sentindo completamente desinteressante. Afinal, se eu fosse tão legal assim, por que era um sacrifício ter que me ouvir? Juro, eu não sou chata como essa pessoa me fez parecer. Mas, por muito tempo, acreditei que não tinha nada de bom para compartilhar. Se não era um prazer me ouvir... por que falar? E assim, me silenciei, inclusive dos outros e das redes sociais.
O que eu queria? Um pouco de tempo de qualidade.
Eu valorizo muito o tempo a sós, não sou daquelas pessoas que acreditam que precisamos estar 24 horas juntos em um relacionamento. Também gosto de ter meu espaço para ler um livro, escrever, estudar em casa, ouvir minhas músicas ou simplesmente ficar na minha mesmo.
Mas, quando estamos em uma relação, um tempo de conexão é necessário. Um relacionamento não se mantém sozinho, ele precisa de cuidado e manutenção.
Mais uma vez, me senti a pessoa mais chata do mundo. Como pode existir um relacionamento em que o outro não sente prazer em estar com você? Sigo sem entender até hoje...
Eu só queria um equilíbrio de tempo, mas acabei acertando num pedido desesperado por atenção. E você sabe, isso destrói nosso amor-próprio.
O contexto é o seguinte: eu estava passando por algumas situações difíceis de lidar, na vida profissional, na vida pessoal e, claro, no relacionamento.
Sabe aqueles momentos em que a única coisa que você queria era ter um porto seguro, um lugar para silenciar os problemas e simplesmente descansar um pouco? Eu não tive.
Eu era silenciada, e ouvia essa frase toda vez que tentava colocar para fora o que estava sentindo.
Sim, o que eu estava sentindo, apenas isso, na esperança de ser acolhida, amada, e, pelo menos por um momento, respirar.
E por ainda doer, vira e mexe eu tentava falar sobre o assunto. Mas não podia. Era "assunto chato e repetitivo", segundo ele.
E adivinha quem me dava motivos para reclamar? O mesmo que reclamava por eu reclamar.
Eu procuro viver em paz, sempre quis isso. E, por ser um desejo muito forte, sempre tentei conduzir minha vida com esse propósito.
Mas a gente não controla as atitudes do outro, né? Aprendi isso da pior forma.
O ciclo era o seguinte: ele me dava todos os motivos do mundo para me deixar péssima, eu reagia às coisas que ele fazia… e depois era julgada por isso.
E a justificativa da falta de conversa dele? As minhas “reclamações”, sobre as péssimas atitudes que ele mesmo tinha.
Mulheres que passaram por coisas parecidas, saibam: não é culpa de vocês.
Podemos ser as melhores, mas, se o outro não valoriza quem somos, isso não significa que não somos dignas. Significa apenas que escolhemos mal ou fomos enganadas por pessoas que souberam se mostrar ótimas, apenas para serem escolhidas.
O outro tem, sim, o poder de nos diminuir, se permitirmos.
Você não é chata, inferior ou desinteressante, você só está ao lado de alguém que não enxerga o seu valor.